No visor de Brasilidade : Joseca Yanomami, nossa terra-floresta no MASP
No ano de celebração dos 30 anos da homologação da Terra Indígena Yanomami, a mostra exibe desenhos sobre a cosmologia e a vida cotidiana deste povo.
De 29 de julho a 30 de outubro de 2022
A exposição reúne 93 desenhos de personagens, cenas, paisagens e fenômenos do universo yanomami, tendo como referência a floresta, seus povos, suas histórias e os cantos xamânicos. Esta é a primeira exposição individual dedicada aos desenhos do artista Joseca Yanomami, apresentando parte expressiva de sua produção no ano em que são celebrados os 30 anos da homologação da Terra Indígena Yanomami.
Para a exposição foram reunidos desenhos, de 2011 a 2013, sobre a terra-floresta amazônica e todos os seres que nela habitam, trazendo diversos elementos que compõem a cosmologia e a vida cotidiana de seu povo e remetem aos esforços dos xamãs, das lideranças e dos espíritos. “Os desenhos de Joseca nos permitem, a partir do nosso olhar e do nosso sentir, perceber que a diversidade habitante da floresta também é formada pelos xapiripë, os espíritos que garantem a todos nós, indígenas e não indígenas, a certeza de que o sol nascerá no dia de amanhã e que o céu não desabará sobre a nossa cabeça”, reflete o curador David Ribeiro.
Suas produções buscam dar corpo aos cantos, sonhos e histórias narradas pelos xamãs, um registro que, além da expressão artística identificada à primeira vista, dá cor e forma aos espíritos vistos apenas por aqueles que passam pelo processo de tornar-se um líder espiritual.
“Não estudei na cidade para aprender a desenhar, eu estudava só na floresta, onde eu caçava no mato. Eu desenhava nas árvores, nas praias, desenhava nos coqueiros e nas folhas novas, com carvão. Eu descascava a árvore e fazia desenhos nos troncos. Desenho os parentes, os animais, árvores, os passarinhos, araras, macacos, antas, peixes. Quando eu aprendi a desenhar eu ouvia os pajés cantando e eu gravava na minha cabeça para desenhar depois. Eu desenho os espíritos. E quando eu sonho, eu estudo muito, penso muito e faço muitos desenhos do meu sonho”, conta Joseca Yanomami.
Joseca Yanomami - MASP