O canudo plástico é um dos principais inimigos do meio ambiente. Sua vida útil é estimada em 4 minutos portanto ele leva aproximadamente 400 anos para se decompor na natureza. Para diminuir esse impacto destrutivo, algumas cidades e alguns países no mundo inteiro estão proibindo o uso de canudinhos de plástico. No Brasil, onde são consumidos 75.219.722.680 canudos por ano, o Rio de Janeiro foi a primeira cidade a proibir em 2018 o uso de canudos plásticos.
Desde que a lei foi aprovada em 2018, novos gêneros de canudos estão invadindo o mercado. Os fabricantes de canudos de plástico começaram a buscar soluções para adequar a produção a um novo perfil de demanda. Paralelamente, pequenos empreendimentos têm investido no desenvolvimento de materiais alternativos, como o vidro, o bambu e o silicone.
Empresários e estudantes brasileiros também se juntaram à luta contra os plásticos descartáveis e estão lançando modelos de canudo biodegradável, compostável e até comestível. Conheça algumas alternativas disponíveis ou em fase de implementação:
A fabricante de embalagens Fulpel, fundada há 25 anos, já produz canudos de papel em larga escala. A matéria-prima utilizada na fabricação é um papel biodegradável de madeira de reflorestamento certificada. A caixa com mil unidades do canudo de papel custa em média R$150,00.
O BioCanudo criado pela estudante de 16 anos do Colégio Estadual Culto à Ciência de Campinas, Maria Terossi Pennachin, é feito a partir do inhame. O canudo, que ainda está em fase de aperfeiçoamento, é biodegradável, maleável e…comestível!“O sabor do biocanudo pode ser de uva, morango, limão…”, explica Maria.
Atualmente, a jovem participa de uma parceria com o Instituto de Química da Unicamp para fazer testes mais detalhados na área de plásticos. Além disso, pretende desenvolver uma versão vegana do canudo, que não leve gelatina em sua composição.
Em Ilhabela, litoral norte paulista, o engenheiro Marcio Gennari criou a Paz em Gaia, empresa que produz canudinhos artesanais de bambu. A matéria-prima é comprada de uma comunidade caiçara que já tira 60% de sua renda dessa atividade. Gennari desenvolveu o produto em 2013, com o pai, marceneiro, e passou a vendê-lo no ano seguinte. Lentamente, o negócio foi dando certo. Um kit com dois canudos da Paz em Gaia custa R$ 25.
A farmacêutica carioca Helen Rodrigues criou em 2017 a empresa Mentah ! que produz canudinhos de vidro. “Usamos um vidro que é mais resistente que o comum e aguenta altas temperaturas. Temos um diferencial que é a gravação dos nomes das marcas a 500°C, quando o vidro está quase líquido e absorve a tinta para que ela não saia”, conta. Cada canudinho de vidro da Mentah custa R$ 17. Segundo a empresária, as vendas cresceram 1.000% em 2018. « O canudo reutilizável virou um acessório de uso pessoal cuja demanda está em ascenção e para suprí-la acabamos de desenvolver e lançar no mercado o kit de canudos em silicone (R$25,00 o kit) », conta Helen, para quem a valorização da mão-de-obra brasileira é tão importante quanto o consumo sustentável.
Consumo consciente e pequenas mudanças
Icone da mudança de comportamento do consumidor, a utilização do canudinho de plástico hoje virou insustentável. O consumo consciente é uma questão de hábito : pequenas mudanças podem ter grande impacto no futuro. Algumas ações podem e devem ser feitas para aumentar a conscientização do consumidor mas também entre os fabricantes.
Um selo chamado Senaplas que identifica as empresas recicladoras que trabalham dentro dos critérios sociais, ambientais e econômicos exigidos por lei foi criado em 2016. Desde a sua criação, apenas 14 empresas conseguiram a chancela.
Fotos: Canudos de papel Fulpel; Canudo de inhame; Canudos de silicone Mentah!